Alergia e intolerância alimentar infantil
Como lidar com esse problema?
Fazer uma criança comer, em muitos casos, não
é fácil. E quando ela apresenta algum tipo de alergia ou intolerância
alimentar, a empreitada é ainda mais complicada. Diarréia, vômito, lesões na
pele, irritabilidade e outros incômodos são sintomas que podem dizer mais para
a mãe do que simplesmente a criança ter comido algo que não fez bem.
O primeiro passo é entender a diferença entre
alergia e intolerância: "Com a alergia não existe uma quantidade grande ou
pequena que faça mal. Tanto faz uma criança que tem alergia a morango comer um
ou 20 morangos, a reação vai acontecer. No caso da intolerância, depende da
dose. Tem crianças que toleram bem uma pequena quantidade de leite, por
exemplo, no caso da intolerância à lactose, e que podem ingerir um pouco de
leite e não terá problema nenhum", explica o médico nutrólogo da
Associação Brasileira de Nutrologia - Carlos Nogueira. A intolerância ao glúten
e à lactose são as mais comuns.
Glúten
A intolerância ao glúten, normalmente se manifesta na infância, entre 1
e 3 anos de idade. Considerada autoimune, nessa doença o organismo ataca a si
mesmo, mais precisamente o intestino delgado, dificultando a absorção de
vitaminas, nutrientes e sais minerais. Pães, bolos, biscoitos macarrão e pizza
são alguns exemplos de alimentos que, normalmente, contém glúten e não podem
ser consumidos por quem tem essa intolerância.
Esse é um problema genético, e o único tratamento é a exclusão, por toda
a vida desses alimentos. Nesse caso, os pais devem estar sempre atentos ao que
a criança vai comer e ensinar desde cedo a procurar nos rótulos se os alimentos
tê, ou não, glúten.
Como opção, pode-se substituir os
ingredientes com glúten por fécula de batata, amido de milho, fubá ou farinha
de mandioca.
Lactose
Quando uma criança produz pouca enzima
lactase, responsável por digerir a lactose no organismo, ela desenvolve a
intolerância a produtos lácteos, como leite, queijo e outros alimentos feitos a
base de lactose, que nada mais é do que o açúcar do leite. Mas se o problema
for uma reação à proteína do leite da vaca, trata-se de uma alergia. Como até
os seis meses de idade o bebê só se alimenta de leite materno, a alergia, mais
comum nos lactentes, começa a surgir quando o leite de vaca é introduzido na
dieta do bebê.
Sabemos que 50% dos casos evoluem para a cura
até os 12 meses, e 90% deles passam a tolerar o leite entre os 2 e 3 anos. Como
o bebê não sabe expressar o incômodo, ele rejeita o leite, apresenta
irritabilidade e sinais como sangue nas fezes, refluxo e dores abdominais são
visíveis. Náusea, vômitos, distensão abdominal e flatulência, que ocorrem logo
após a ingestão, são alguns dos sintomas de alergia à proteína do leite. Asma,
rinite e chiado no peito também são comuns da alergia à proteína. Menos
presente nas crianças, a intolerância à lactose pode ser tratada com o controle
do consumo do leite e com a ingestão de lactase, que pode acontecer por
comprimidos ou gotas.
O tratamento com a lactase, no entanto, não é
tão simples, é vendida em poucas farmácias e o custo é alto. Deve ser
tomada junto com o alimento que tem a lactose, como leite, bolos, sorvetes e
alimentos ricos em queijos. A pessoa deve estar com a lactase sempre à mão e
saber bem a composição do alimento para saber se tem muita ou pouca lactose,
para acertar a quantidade da enzima a ser tomada. Não é nada prático.
Ovo, soja e frutos do mar
Soja, ovo, nozes e amendoim, peixes e frutos
do mar e frutas cítricas estão entre os alimentos com maior incidência de
alergia infantil. É mais comum que a reação alérgica com abacaxi, manga,
morango e outras frutas cítricas seja oral, com irritação, coceiras ou inchaço
labial. Nesses casos, basta que a mãe aqueça a fruta em alta temperatura que
haverá uma desnaturação da proteína que está causando a alergia. Bolos ou
preparos quentes não fazem mal.
De acordo com o médico nutrólogo da Abran
Carlos Nogueira, só existe uma maneira de conviver com a alergia: "Não tem
jeito, tem que tirar o alimento da criança. Se ela continuar tendo acesso ao
alimento que tem alergia pode ter algo mais grave como um quadro de choque
anafilático", explica. Por isso, os especialistas recomendam que a mãe
evite fornecer alimentos como soja, ovo, amendoim, peixes e frutos do mar para
a criança antes de um ano de idade.
[Gnt.globo.com]
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