Xixi na cama, de novo!
O problema do xixi na cama sempre despertou preocupação aos
pais, mais pelo desconforto do que propriamente pela gravidade. Imaginava-se
que era um problema que passava sozinho. Porém, o pipi na hora errada pode ser
um sinal de que a criança está com problemas de auto-estima e precisando de
ajuda.
A enurese noturna é o “principal vilão” dos lençóis. Trata-se de
um problema no qual a criança não consegue controlar a urina durante a noite
enquanto dorme. “E isto pode ser um problema na medida em que inibe e
impossibilita uma autonomia social por parte da criança”, afirma a psicóloga
Patrícia Camargo.
A enurese é caracterizada quando a criança faz xixi na cama pelo
menos duas vezes por semana, durante três meses seguidos, após ter completado
cinco anos de idade. E pode ser primária, onde a criança ainda não consegue o
controle urinário, ou, secundária, quando consegue o controle urinário após um
período aproximado de seis meses, mas perde novamente, estando ligado a fatores
emocionais ou orgânicos.
O fator hereditário é um dado importante, pois crianças com um
dos pais enuréticos (que tiveram esse problema na infância) têm 40% de chance
de serem enuréticas. Se ambos forem enuréticos, as chances aumentam. A
torneirinha aberta de noite também está relacionada a outros fatores
estressantes, tais como mudança de lar, separação dos pais, nascimento de
irmão, etc.
Fazer pipi antes de nanar!
Outros aspectos comportamentais são muito bem recebidos pela
enurese. Pense duas mil vezes antes de oferecer bastante líquido à noite ao seu
filho, pois é um prato cheio ao xixi, assim como a falta de hábito de ir ao
banheiro antes de dormir pode ser refletida de madrugada, com a cama encharcada
de pipi. Acompanhe-o até o banheiro antes de dormir, adotando esse ritual por
muito tempo.
“Os pais precisam ter consciência de que a criança não faz xixi
na cama porque quer e certamente está precisando de ajuda psicológica e médica.
Eles têm um papel importante na recuperação da auto-estima dos filhos e devem
saber que as cobranças e humilhações só irão agravar o problema”, relata
Patrícia.
Tem como evitar?
Existem várias maneiras de suavizar e de curar a enurese,
começando pelo modo como a criança é tratada, com respeito e sem assumir a
culpa pela falta de controle urinário. No entanto, a criança deve estar ciente
de que é a única responsável pelos progressos no tratamento, devendo se sentir
compreendida e apoiada.
O apoio psicológico é fundamental para ajudar no tratamento,
pois está ligado à auto-estima, a resolução de conflitos pessoais e familiares.
Não é válido brigar com o filho por ter feito xixi fora de hora (até porque já
é tarde). É muito melhor incentivá-lo a não repetir a mesma cena no dia
seguinte. Isso auxilia na motivação da criança.
“Os fatores que influenciam a manter ou cessar o sintoma de
enurese dependerá da estrutura emocional da criança, da maneira com a qual os
pais tratam a questão e do tempo de duração. Pois a ansiedade, a angústia e o
sentimento de culpa podem agravar o problema”, alerta a psicóloga.
Para evitar o quadro de enurese na criança, no que se refere a
fatores psicológicos, é importante que a auto-estima seja trabalhada antes mesmo
que ela comece a dar os primeiros passos. É na forma como a mãe se relaciona
com a criança, quando ela ainda está em seu colo, que começa a se desenvolver a
auto-estima.
Nunca perca o controle na hora de discutir a questão. Xixi na
cama não é um bicho de sete cabeças. A criança precisa ser protegida, cuidada,
ensinada e compreendida. Jamais ser repreendida por tal problema.
Bruno Rodrigues
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