Benefícios da amamentação para a mãe e para o bebê
Ele foi testado por milhões e milhões de anos e não há uma só vez em que
não tenha passado com louvor. Ainda que tenham surgido tentativas de imitá-lo,
o leite materno continua a ser o mais completo, poderoso e barato nutriente que
existe. Os números não deixam dúvida: crianças que se alimentam exclusivamente
no peito da mãe têm seis vezes mais chance de sobreviver do que aquelas que não
são amamentadas, segundo dados do Unicef.
No entanto, ainda estamos muito longe dos índices recomendados pela
Organização Mundial da Saúde. "A OMS orienta ao menos 180 dias de
amamentação exclusiva, mas, em média, mulheres de grandes capitais brasileiras
alimentam os filhos só no peito por 53 dias. Houve um avanço em relação à
década passada, mas estamos bem longe do ideal", analisa a pediatra Elsa
Giugliani, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Para Keiko Miyasaki Teruya, consultora em aleitamento materno do
Ministério da Saúde, as razões de muitas mães trocarem o leite pela fórmula
cedo ou nem sequer tentarem amamentar são várias. "As fontes tradicionais de
aprendizado - mulheres mais experientes da família - se perderam à medida que
as famílias extensivas foram sendo substituídas pelas nucleares, e isso tem
transformado esse ato natural em algo não mais instintivo."
A falta de apoio do companheiro também é outra questão crucial para a
decisão de amamentar ou não. "Se a mulher não recebe ajuda dos familiares
e do marido, ainda que queira, será muito difícil para ela compatibilizar as
questões domésticas com a amamentação", sustenta Elsa. Mais: "Se há
algo em que as pessoas palpitam é o aleitamento materno. E, muitas vezes,
desinforma-se em vez de informar", diz Marcus Renato, especialista em
amamentação pelo International Board Certified Lactation Consultant (IBCLC) e
editor do site Aleitamento.com. Além disso, diz o pediatra e neonatologista
Carlos Eduardo Correa, autor do Blog do Cacá, boa parte das mulheres tem
dúvidas se conseguirá produzir leite suficiente, e essa é uma das principais
razões de muitas trocarem a amamentação pela fórmula. "Se a mãe não contar
com apoio, facilmente acreditará não ser capaz de amamentar. A importância do
amparo às mulheres é grande e irá determinar o sucesso da amamentação, na
maioria dos casos."
O aleitamento bem-sucedido esclarece Keiko, depende muito dos
profissionais que assistem essa mulher. "Que ofereçam auxílio para que
decida o que é melhor para ela e seu filho. Que a escutem. E que a ajudem a
desenvolver confiança para que ela permaneça no controle da situação."
O fato é que, mesmo em meio a tantas informações, amamentar será algo
que você e seu filho aprenderão juntos. "A amamentação também proporciona
calor, contato e proximidade entre mãe e filho, que podem influenciar no
desenvolvimento físico e emocional da criança", diz Carlos.
Para a consultora pelo IBCLC Celina Valderez Feijó Köhler, a amamentação
é um dos momentos mais importantes para a mulher. "Se as mães percebessem
o poder que dá ver que a criança está crescendo com saúde apenas com o leite
que ela produz, talvez mais delas se decidissem por dar de mamar."
Benefícios da amamentação para o bebê
- Defende da asma e de outras infecções
Anticorpos e células presentes no leite materno ajudam a proteger o bebê
de doenças causadas por vírus e bactérias. Estudos já mostraram que crianças
que se alimentam exclusivamente no peito da mãe têm menos probabilidade de ter
alergias e 50% menos risco de sofrer de asma. O aleitamento faz os pulmões do
pequeno crescer e reduz o risco de gripes e infecções virais que podem vir a
afetar esse órgão. Os bebês também apresentam menos infecções de ouvido e
gastrintestinais.
- Protege contra diarreia
Uma revisão de estudos sobre o assunto realizados entre 1980 e 2009 foi
categórica: o aleitamento tem efeito protetor não apenas contra a diarreia mas
também contra a hospitalização e até a morte decorrentes dessa condição.
- Melhora a resposta imune da criança
"O leite materno passa ao bebê todo o aparato de defesa da mãe,
como glóbulos brancos, anticorpos e proteínas. Com isso, a resposta imune da
criança, inclusive quando ela toma vacina, é bastante aumentada", diz
Marcus Renato.
- Reduz a probabilidade de o bebê virar uma criança obesa
"Vários estudos vêm mostrando que a amamentação pode proteger
contra a obesidade, condição que aumenta os riscos para uma série de doenças,
entre elas as cardíacas e o diabetes", afirma Marcus Renato. O médico
explica que, diferentemente do leite materno, cuja composição é equilibrada, as
fórmulas têm excesso de eletrólitos, gordura e proteínas, que podem contribuir
para o ganho de peso da criança.
- Estimula o desenvolvimento do cérebro
"O leite humano possui ácidos graxos, que auxiliam no
desenvolvimento cerebral. Crianças amamentadas por longo período apresentam
melhores índices em testes de inteligência", conta Carlos Eduardo Correa.
Benefícios da amamentação para a mãe
- O peso volta ao normal mais rapidamente
"Produzir leite consome energia, algo em torno de 500 calorias
extras por dia", explica Marcus Renato. Por outro lado, mães que não
amamentam ganham, em média, cerca de 7,5 centímetros de gordura na cintura,
como mostrou estudo da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.
- Proteção contra o câncer
Especialistas acreditam que isso se deva ao fato de que a menstruação é
suspensa quando se amamenta. Uma frequência menor de ciclos menstruais expõe
menos a mulher ao estrógeno, o que poderia estar ligado ao risco reduzido de
tumores. Estudos dão conta de que a possibilidade de câncer de mama é de 3% a
4% menor por filho se a mãe amamenta exclusivamente no peito.
- Menos risco de diabetes tipo 2
A gravidez aumenta a resistência do corpo à insulina, o hormônio que
carrega o açúcar para dentro das células. Daí a probabilidade de a mulher
desenvolver diabetes gestacional ser maior, mas o aleitamento ajuda a
restabelecer essa sensibilidade. Quanto mais a mãe amamenta, menos risco ela
terá de ter diabetes tipo 2. "Ainda que desenvolva diabetes durante a
gravidez, ela deve saber que, se amamentar por pelo menos nove meses, a
possibilidade de sofrer com esse mal mais tarde será menor", alerta Eleanor
Schwarz, professora de Epidemiologia, Obstetrícia, Ginecologia e Ciências da
Reprodução da Universidade Pittsburgh, nos Estados Unidos.
- Risco reduzido de ter doenças do coração
Amamentar melhora a saúde do coração de várias formas. A gravidez aumenta
os níveis de colesterol, mas, depois do parto, mães que amamentam levam menos
tempo para retornar aos níveis normais de triglicérides, maior fator de risco
para doenças cardiovasculares. Além disso, diz Eleanor, as que dão o peito aos
filhos têm níveis mais altos do bom colesterol (HDL). "Amamentar por mais
de 12 meses reduz em 10% o risco de a mulher ter doenças cardiovasculares,
mesmo considerando fatores de risco, como história familiar e peso."
- Reduz a probabilidade de Alzheimer
Recentemente, uma pesquisa britânica revelou que a amamentação, que
restaura a tolerância do corpo à insulina, também reduziria o risco de a mulher
sofrer com a doença, pois evidências apontam que a resistência das células
cerebrais à insulina é a causa do mal.
- Aumenta o intervalo entre as gestações
Para muitas mulheres, é uma das grandes vantagens de amamentar. A sucção
feita pelo bebê nos seios da mãe aumenta os níveis de prolactina, o hormônio
responsável pela produção do leite. Prolactina alta inibe a ovulação, reduzindo
a probabilidade de a mulher engravidar.
- Relaxa e ajuda o útero a voltar ao tamanho normal
O hormônio ocitocina não apenas é o sinal de que os seios precisam para
ejetar o leite como também leva as células musculares do útero a se contraírem,
permitindo que ele volte ao tamanho original mais rapidamente e diminuindo o
sangramento que a mulher pode ter depois do parto. Mais: a ocitocina ajuda as
mamães a se acalmar, a relaxar e faz com que fique babando pelo bebê. Tanto que
ela é chamada de hormônio do amor.
Vanessa de Sá
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